A Soft Skill primordial para a Liderança nesta nova Era: “Filosofia”!

A Nova Era da Inteligência Artificial e o Chamado à Humanidade Essencial

Vivemos uma transição de Era: saímos de um mundo analógico para um digital, e agora entramos em um mundo exponencial, impulsionado pela Inteligência Artificial. A IA avança rapidamente, otimizando processos, automatizando tarefas, e assumindo capacidades cognitivas que antes eram exclusivas do ser humano — como produzir textos, imagens, interpretar dados e tomar decisões com base em padrões.

Diante disso, o diferencial humano não será mais saber fazer mais rápido, mas saber fazer com mais profundidade, propósito e empatia. Neste novo mundo, ganha espaço aquele que domina aquilo que a máquina não pode replicar: autoconsciência, intuição, julgamento moral, criatividade genuína, emoções e sentido.

Parte 1:

A Filosofia como Soft Skill

É por isso que começa a emergir como tendência o conceito da “Filosofia como soft skill”**. Não se trata de conhecer teorias filosóficas clássicas, mas sim da capacidade humana de refletir, de sustentar ambivalências, de compreender diferentes vieses e agir com ética, sabedoria e visão de longo prazo. Essa habilidade é essencial principalmente para *lideranças*.

Como propõe o filósofo francês Edgar Morin, vivemos em um mundo de “complexidade” – onde não basta aplicar soluções lineares a problemas multifacetados. A liderança que inspira nesta era é aquela que desenvolve pensamento crítico, sensibilidade e integridade.

A Psicologia Humanista e Positiva: propósito e realização

A Psicologia Humanista, com nomes como Carl Rogers e Abraham Maslow, já apontava que o ser humano tem uma tendência natural à autorrealização. Maslow, em sua famosa pirâmide, coloca o propósito e a autotranscendência como os estágios mais elevados da experiência humana. Liderar nesta nova era exige que os líderes ajudem suas equipes a encontrar significado no que fazem, e não apenas desempenho.

Complementando essa visão, a Psicologia Positiva, com Martin Seligman e o conceito de PERMA (emoção positiva, engajamento, relacionamentos, significado e realizações), oferece um arcabouço científico que mostra que bem-estar sustentável e desempenho estão interligados. Um time feliz e engajado é um time mais produtivo — mas mais do que isso, é um time mais humano.

A Neuroliderança: emoções e tomada de decisão

A Neurociência aplicada à liderança também nos oferece pistas importantes. Pesquisadores como David Rock, autor do modelo SCARF (Status, Certeza, Autonomia, Relacionamento e Justiça), demonstram que as emoções estão no centro das decisões humanas, mesmo as mais racionais. Ignorar a dimensão emocional em nome da eficiência ou da “lógica dos dados” é ignorar como o cérebro humano realmente funciona.

Além disso, estudos em neurociência mostram que líderes empáticos ativam em seus liderados regiões do cérebro associadas à conexão, pertencimento e cooperação — condições fundamentais para a inovação e o engajamento.

Liderar com alma em tempos de algoritmos

A IA pode ser rápida, precisa e imparcial — mas nunca será sensível, compassiva ou ética por si só. Como diz o filósofo contemporâneo Byung-Chul Han, vivemos uma era do “cansaço” e da “transparência”, onde tudo é performance e métricas. O risco é tornarmo-nos mais parecidos com as máquinas do que nos tornarmos mais humanos.

Por isso, é urgente que a liderança do futuro — ou melhor, do presente — desenvolva um tipo de presença mais profunda: uma liderança com alma, que inspire pelo exemplo, que saiba escutar, que tenha coragem de pausar, refletir e agir com base em valores, e não apenas em indicadores.

O diferencial é o humano profundo

Enquanto a IA dominará o mundo da eficiência, os humanos serão insubstituíveis no mundo da essência. As organizações mais preparadas não serão aquelas com mais tecnologia, mas as que conseguirem equilibrar alta performance com alto propósito. E isso só será possível com lideranças que se conhecem, que inspiram e que ativam o melhor das pessoas ao seu redor.

Como disse Viktor Frankl, psiquiatra e filósofo:

“A busca do homem não é pelo prazer ou poder, mas por um sentido para sua vida.”

E talvez este seja o maior papel da liderança na Era da IA: ajudar as pessoas a encontrar sentido — e não apenas tarefas.

Parte 2:

Para corroborar, vou aprofundar a perspectiva sobre lideranças essenciais para empresas sustentáveis e sadias a partir do olhar da Psicologia Transpessoal, de Abraham Maslow, Pierre Weil e outros pensadores que transcendem a lógica da performance tradicional para propor uma visão mais integral do ser humano e de sua atuação no mundo — especialmente no contexto da liderança.

Lideranças da Nova Era: do fazer ao Ser – uma visão transpessoal

Em um mundo acelerado por tecnologias, onde a IA começa a assumir tarefas cognitivas antes consideradas humanas, a necessidade de resgatar a integralidade do ser humano torna-se não só urgente, mas estratégica. A liderança do futuro — que já é exigida no presente — precisa operar em outro nível de consciência. E é aqui que a Psicologia Transpessoal e a visão de autores como Maslow e Pierre Weil ganham protagonismo.

Maslow e a Autotranscendência na Liderança

Embora Maslow seja mais conhecido pela sua pirâmide das necessidades, nas suas últimas obras ele vai além da autorrealização. Ele introduz o conceito de autotranscendência, o mais alto nível de desenvolvimento humano — quando o indivíduo ultrapassa seu ego e conecta-se a algo maior do que ele: o coletivo, o propósito, o espiritual, o todo.

“O ser humano é um organismo em crescimento. Sua missão não é apenas realizar suas potencialidades, mas transcendê-las.” — Abraham Maslow

No contexto das empresas, isso se traduz em líderes que servem a um propósito maior do que o lucro, e que buscam construir culturas organizacionais mais conscientes, com valores sólidos e coerência entre discurso e prática. Essa liderança não inspira só por suas competências técnicas, mas por sua coerência interna e capacidade de inspirar sentido.

Pierre Weil e o Desenvolvimento da Consciência Integral

Pierre Weil, psicólogo, educador e cofundador da UNIPAZ, contribuiu imensamente para a compreensão de que o ser humano é um ser bio-psico-sócio-espiritual. Ele defende que o desenvolvimento humano passa por uma expansão da consciência em quatro níveis:

    • Consciência egocentrada (foco no “eu”)

    • Consciência etnocentrada (foco no grupo, cultura, empresa)

    • Consciência mundicentrada (foco na humanidade e planeta)

    • Consciência cosmocentrada (visão de unidade com o todo)

A liderança que o mundo precisa hoje caminha em direção à consciência mundicentrada e cosmocentrada, atuando com responsabilidade social, ambiental e espiritual. Esses líderes compreendem que suas decisões impactam sistemas inteiros, e por isso buscam agir com ética, empatia e sabedoria ecológica.

Outros pensadores e suas contribuições

Ken Wilber, filósofo integral, propõe o modelo AQAL (All Quadrants, All Levels), que mostra que toda realidade tem múltiplas dimensões: interna, externa, individual e coletiva. Um líder consciente precisa atuar de forma multidimensional, considerando tanto resultados quanto cultura, processos e propósito.

Roberto Assagioli, pai da Psicossíntese, trabalha o conceito de vontade espiritual, onde o ser humano é visto como um todo em evolução, e a liderança é o exercício da vontade alinhada à alma, e não ao ego.

Viktor Frankl, com a logoterapia, afirma que a maior motivação humana é a busca por sentido. Líderes que reconhecem isso buscam criar ambientes onde as pessoas se sintam parte de algo significativo.

As bases de uma liderança transpessoal para empresas saudáveis

A partir desses pensadores, podemos identificar os pilares de uma liderança centrada no Ser, que é essencial para organizações mais humanas e sustentáveis:

    • Consciência ampliada – capacidade de enxergar além do imediato e do individual, entendendo contextos, ciclos e interconexões.

    • Propósito e sentido – liderar com base em valores profundos, inspirando engajamento genuíno nas equipes.

    • Presença e escuta profunda – saber pausar, silenciar, observar e escutar com atenção plena.

    • Espiritualidade laica – conexão com algo maior, independentemente de religiosidade, como fonte de ética, compaixão e sabedoria.

Desenvolvimento contínuo do Eu interior – autoconsciência, autoconhecimento, trabalho emocional e cultivo de virtudes.

Empresas mais humanas são também mais sustentáveis

Pesquisas já mostram que empresas com líderes mais conscientes:

    • Têm menores índices de turnover;

    • Apresentam melhores indicadores de clima organizacional;

    • Conquistam maior lealdade de clientes e colaboradores;

    • E têm maior longevidade no mercado (vide empresas como Patagonia, Natura, Whole Foods).

Isso porque a liderança transpessoal atua em um nível mais profundo: ativa propósito, gera pertencimento e cultiva saúde emocional e organizacional.

Conclusão: Liderar é expandir consciência

A liderança do novo mundo é aquela que integra razão e emoção, ação e contemplação, resultado e significado. É aquela que compreende que liderar pessoas não é apenas conduzir metas, mas cuidar de almas, despertar potenciais e construir futuros possíveis com ética e amorosidade.

Como disse Pierre Weil:

“O grande desafio do nosso tempo é formar líderes que saibam integrar ciência, arte, espiritualidade e consciência planetária.”

Essa é a liderança que constrói organizações saudáveis, sustentáveis e, acima de tudo, humanas.

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