A curadoria na liderança se tornou uma habilidade indispensável na era da informação. Diante do volume e da diversidade de dados, a capacidade de filtrar, selecionar e contextualizar informações é fundamental para a tomada de decisões assertivas e a obtenção de resultados.
A partir dos grandes pensadores, podemos enxergar a importância da curadoria sob diversas perspectivas:
O saber escolher e o conhecimento prático
Mario Sergio Cortella, um pensador contemporâneo brasileiro, em sua obra “A Era da Curadoria: O que Importa é Saber o que Importa”, ressalta que a quantidade de informação não significa sabedoria. Ele defende a ideia de que, em um mundo onde todos podem ser produtores de conteúdo, a habilidade de selecionar o que tem relevância e credibilidade é o verdadeiro diferencial. A curadoria, nesse sentido, vai além de um mero “zelador” de informações; é a ação de proteger, cuidar e ampliar o que realmente importa.
Essa ideia se conecta com a valorização do conhecimento prático e aplicado. Muitos pensadores da gestão, como Peter Drucker, sempre enfatizaram a importância de transformar dados e informações em ações eficazes. Para Drucker, a gestão eficaz não se resume a ter acesso a uma infinidade de dados, mas sim a saber como utilizá-los para atingir objetivos. A curadoria, nesse contexto, seria o processo de refinar essa informação bruta em conhecimento útil e acionável.
A inteligência e a visão estratégica
Grandes estrategistas e filósofos ao longo da história, como Sun Tzu em “A Arte da Guerra”, poderiam ser interpretados como precursores da curadoria. Sun Tzu enfatizava a necessidade de coletar informações precisas sobre o inimigo, o terreno e as próprias forças, mas, acima de tudo, a capacidade de interpretar e sintetizar esses dados para tomar decisões táticas e estratégicas. Não bastava ter a informação; era preciso ter a inteligência para discernir o que era relevante e o que era apenas ruído.
Essa visão estratégica da curadoria também pode ser relacionada ao conceito de inteligência competitiva. Pensadores como Michael Porter, ao analisar as forças que moldam a concorrência em uma indústria, indiretamente apontam para a necessidade de líderes que saibam curar informações sobre o mercado, concorrentes, clientes e tendências para formular estratégias vencedoras.
A gestão do conhecimento e a liderança autêntica
A curadoria está intrinsecamente ligada à gestão do conhecimento. Autores como Nonaka e Takeuchi, que se destacam no campo da criação de conhecimento nas organizações, argumentam que o conhecimento é um processo contínuo de transformação entre conhecimento tácito e explícito. A curadoria, nesse sentido, seria a habilidade do líder de identificar, organizar e disseminar esse conhecimento dentro da organização, tornando-o acessível e útil para todos.
Além disso, a liderança autêntica também se beneficia da curadoria. Líderes autênticos, que agem de acordo com seus valores e fomentam a confiança, são mais eficazes em criar ambientes onde a informação é compartilhada e valorizada. A curadoria, aqui, é um reflexo do compromisso do líder com a transparência e a busca pela verdade, filtrando informações para apresentar o que é genuíno e relevante.
A tomada de decisão informada
No cerne da pergunta está a tomada de decisão assertiva. Pensadores da economia comportamental, como Daniel Kahneman, embora não falem diretamente de curadoria, nos mostram os viéses cognitivos que afetam nossas decisões. A curadoria, ao nos obrigar a filtrar e contextualizar as informações, pode mitigar esses viéses, levando a escolhas mais racionais e baseadas em evidências sólidas.
Em suma, a curadoria na liderança, vista pelos olhos dos grandes pensadores, transcende a mera organização de dados. É uma habilidade multifacetada que exige:
* Discernimento: Saber o que é importante e o que não é.
* Pensamento crítico: Analisar as informações com rigor, questionando fontes e contextos.
* Síntese: Transformar um volume grande de dados em insights concisos e acionáveis.
* Contextualização: Entender o “porquê” e o “como” das informações.
* Compartilhamento eficaz: Disseminar o conhecimento curado de forma clara e relevante para a equipe.
Essa capacidade de “curar” o excesso de informação é, sem dúvida, um superpoder para os líderes do século XXI, permitindo-lhes navegar na complexidade do mundo atual e guiar suas equipes com mais sabedade e assertividade.
Qual aspecto da curadoria na liderança te parece mais desafiador na sua experiência atual?
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