Mas o que promove este estado de felicidade que é tão individual?
Eu venho de uma época onde se dizia que: onde o trabalho é para ganhar o pão de cada dia e não para ser feliz. E por muito tempo pessoas eram vistas simplesmente como mão-de-obra (executoras), colocadas em padrões do serve e não serve, está dentro do padrão e não está, apto e inapto, qualificado e não-qualificado, tem ou não tem o perfil técnico adequado. Mas com o passar do tempo, a população trabalhadora foi adoecendo, e a improdutividade aumentando. Indicadores se tornando grande alertas vermelhos para a longevidade das empresas.
Novas gerações surgiram questionando este modelo de gestão. Ambientes sendo modificados pela tecnologia, pelo meio ambiente, pelas gerações, pela dinâmica do mercado de trabalho, entre outros diversos fatores ambíguos e disruptivos. Isto fez com que mentes inquietas mundo a fora fossem realizar estudos para buscar entender esta relação de bem-estar, felicidade e trabalho.
Identificou-se nas pesquisas que o bem-estar é a base que sustenta a felicidade do trabalhador. Quando as necessidades básicas de saúde, segurança, equilíbrio e reconhecimento são atendidas, o trabalhador tem mais chances de desenvolver uma relação positiva com seu trabalho, experimentando alegria, satisfação e engajamento. Por sua vez, trabalhadores felizes tendem a ser mais produtivos, criativos e leais à organização, criando um ciclo virtuoso de benefícios para ambos.
O conceito de bem-estar no trabalho está diretamente ligado à saúde ocupacional, reconhecendo que um ambiente de trabalho saudável é fundamental para a produtividade, satisfação dos trabalhadores e redução de problemas como absenteísmo e rotatividade.
Este conceito é corroborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), onde afirmam que o bem-estar nas organizações se refere a um estado em que os trabalhadores experimentam saúde física, mental e social positiva no ambiente de trabalho. Esse conceito engloba aspectos como segurança, proteção contra riscos psicossociais, suporte social, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso.
A relação entre bem-estar e a felicidade do trabalhador é intrínseca e complementar. O bem-estar no ambiente organizacional cria as condições necessárias para que o trabalhador se sinta valorizado, seguro e respeitado, o que contribui diretamente para sua felicidade. Aqui estão os principais pontos dessa conexão:
1. Saúde Física e Mental
- Quando o trabalhador está fisicamente saudável e mentalmente equilibrado, ele experimenta menos estresse e mais disposição para realizar suas atividades. Isso impacta positivamente a sensação de realização e alegria no trabalho.
- Ambientes que promovem a saúde mental (como suporte psicológico e gestão de cargas de trabalho) reduzem a incidência de burnout, o que aumenta a felicidade.
2. Sentimento de Pertencimento e Reconhecimento
- O bem-estar inclui um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, onde os colaboradores se sentem parte de algo maior. Esse senso de pertencimento é um fator essencial para a felicidade.
- Reconhecer e valorizar as contribuições individuais fortalece a autoestima e gera satisfação.
3. Equilíbrio Vida-Trabalho
- Um ambiente que respeita o equilíbrio entre vida profissional e pessoal reduz o estresse e permite que os trabalhadores cultivem outros aspectos importantes de sua vida, como relações familiares e hobbies, o que contribui para a felicidade geral.
4. Autonomia e Desenvolvimento Profissional
- O bem-estar organizacional engloba oportunidades de crescimento e autonomia. Quando o trabalhador percebe que tem liberdade e chances de evoluir, ele se sente mais realizado e motivado, elementos-chave da felicidade.
5. Impacto Emocional Positivo
- Um ambiente que promove bem-estar emocional reduz conflitos, estimula relações interpessoais saudáveis e fortalece a sensação de segurança psicológica. Isso cria um espaço mais agradável e feliz para se trabalhar.
Segundo pesquisas feitas por Jennifer Robison (2013), editora da Gullup Business Journal, quando gerentes buscam desenvolver o seu próprio bem-estar, há mais chances de que os funcionários sigam o exemplo. O bem-estar, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas individualmente, pode trazer benefícios também para o ambiente de trabalho.
Um levantamento feito em uma reportagem de André Caldeira (2012) para a revista Exame mostra que, no Brasil, os custos de problemas relacionados ao stress – um dos grandes inimigos do bem-estar no trabalho – consomem 3,5% do PIB. O quadro é agravado ao perceber que 70% dos trabalhadores estão estressados e 30% estão sob risco de evoluir para o burnout (esgotamento extremo). A pesquisa também aponta queda de performance e de produtividade, aumento de conflitos e outras adversidades.
Na minha atuação dentro das organizações como mentora e coach, percebo estes índices aumentarem de forma assustadora nos últimos anos. Lideranças despreparadas e também desamparadas diante a tantas dificuldades atuais. Faz necessário programas de desenvolvimento de lideranças customizados a cada organização, rodas de conversas com objetivo e intenções claras (fortalecendo o canal de confiança e fortalecimento de relações saudáveis); feedbacks mais assertivos e periódicos; preparo para realizar conversas corajosas e positivos; alinhamento de competências individuais aos objetivos estratégicos da organização, análises dos indicadores de gestão de pessoas de forma estratégica ao negócio (people analytics), pois resultados sustentáveis são possíveis, principalmente, com e através de pessoas que acreditam e seguem na mesma direção, somando as diferenças e potencializando forças e virtudes.
E para você? Qual a sua opinião no assunto?
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