Por que tantas pessoas estão pedindo demissão?

O número de demissões voluntárias está crescendo em todo o mundo. Em se tratando de Brasil, segundo dados do Caged, apenas nos últimos 12 meses, mais 6,4 milhões deixaram seus empregos de forma espontânea (o maior número da história do levantamento). No entanto, isso não significa que a concorrência por uma vaga não se mantenha acirrada, pois apesar da diminuição no desemprego no primeiro semestre, cerca de três em cada dez desocupados permanecem em busca por trabalho há mais de dois anos. Mas diante desses números, o que tem levado tantas pessoas a deixarem suas posições de trabalho?

Ainda que não seja o único, entre os principais fatores que contribuem para esse fenômeno está justamente a saúde mental. Quando falamos em Brasil, o tema não é novo no ambiente empresarial, pois segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), somos considerados o país mais ansioso do mundo e o mais depressivo da América Latina. E esse quadro se agravou ainda mais durante a pandemia da Covid 19, em especial pelas medidas restritivas de circulação de pessoas e a adoção do home office. O aumento da procura por acompanhamento psicológico é um dos principais indicativos desse quadro.

O cenário brasileiro de demissões voluntárias acompanha uma tendência mundial conhecida como ‘The Great Resignation’, ou a Grande Demissão, do termo em inglês. Apenas em março deste ano, os Estados Unidos registraram cerca de 4,5 milhões de desligamentos voluntários. De acordo com especialistas do setor, este fenômeno pode significar uma transformação positiva na relação das pessoas com o trabalho, à medida que elas buscam alinhar seus valores de vida e carreira.

Essa tendência vem crescendo entre os jovens, principalmente quando estes se deparam com organizações que possuem uma visão de mundo diferente da sua. Em suma: a busca por uma experiência profissional mais relevante transcende a questão salarial. Já para as organizações, este cenário representa um grande desafio, principalmente pelos altos custos que envolvem o turnover (alta rotatividade de seus funcionários).

Uma pesquisa de 2019, do Instituto Gallup, aponta que repor um funcionário pode custar mais de duas vezes o seu salário anual. Para evitar situações como estas as empresas precisam adotar algumas medidas de melhoria contínua no ambiente organizacional, como veremos mais abaixo.

Burnout passou a ser considerada doença ocupacional

Em janeiro deste ano passou a vigorar resolução da OMS que considera burnout como uma doença ocupacional – ou estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso. Nesse contexto, as empresas começam a ser responsabilizadas com relação à saúde mental de seus colaboradores.

Fatores como ambiente tóxico, sobrecarga de trabalho e falta de flexibilidade estão entre alguns dos motivadores para a chamada síndrome do esgotamento profissional, que passou a ser equiparada ao acidente de trabalho pela OMS. Em casos como estes o funcionário afastado permanece recebendo salário da empresa durante os primeiros 15 dias de afastamento, sendo que após esse período começa a receber o auxílio-doença via INSS.

Como já falamos em outro texto, discutir este tema nas empresas é de extrema importância, ainda mais neste mês em que estamos vivendo a campanha ‘Setembro Amarelo’. A iniciativa chama a atenção para a necessidade de prevenção ao suicídio e a adoção de medidas que possam evitar esse quadro, como a promoção de bem-estar e qualidade de vida também no ambiente organizacional. Dados da própria OMS indicam que em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio – ou seja uma pessoa a cada 100 mortes.

E como evitar situações como estas no ambiente de trabalho?

Uma das alternativas para evitar situações como burnout, estresse e assédio é implementar ações de monitoramento contínuo do clima organizacional. Quando medimos o índice de satisfação dos colaboradores, é possível compreender vários itens relacionados à gestão de uma empresa, o que inclui aspectos como liderança, condições do ambiente, salários e relações interpessoais.

Nesse contexto, o alinhamento correto entre clima e cultura contribui para o chamado bem-estar organizacional. Essa condição passa pelos campos social, físico e, sobretudo, psicológico dentro de uma empresa. Nesse contexto o líder deve assumir uma postura humanizada, estimulando em sua equipe atitudes como empatia, cocriação, flexibilidade e colaboração. Ele deve também inspirar e motivar as pessoas a serem proativas.

Para Ricardo Oliveira Neves, coautor do livro ‘O fim da liderança tóxica nas organizações’, deve haver uma mudança na maneira como a liderança é compreendida no ambiente corporativo. Segundo ele o futuro pertence às organizações onde a liderança inspira, motiva e facilita a inovação e a mudança contínua.

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