Quero poder compartilhar este tema que tanto abordo nas minhas palestras e cursos e que tem provocado muitas pessoas a se olharem mais e fazer novas escolhas. Algumas das reflexões que irei abordar foram sabiamente abordadas pelo meu querido e admirado Jorge Trevisol em seu livro A Origem da Ferida, no qual me identifiquei muito.
É inacreditável o que o pensamento pode fazer com aquele que o pensa. William James, grande psicólogo americano diz que “a grande maioria das pessoas pensa que está pensando quando, na verdade, está apenas arrumando seus preconceitos”. Muitas pessoas se tornam prisioneiras de suas ideias e muitas outras fizeram de seus pensamentos verdadeiros cárceres para suas vidas. É que o pensamento facilmente fica à disposição de nossa mente para auxiliá-la naquilo que de mais urgente ela possa precisar. Pense, por exemplo, quando alguém não quer ou não consegue ver um problema que estaria prejudicando socialmente outras pessoas. Todos podem mostrar a ela concretamente os danos de seu comportamento antissocial, mas ela além de não ser capaz de ver, vai justificar esse comportamento com mil explicações até o último argumento.
Outras pessoas sempre foram muito agressivas nas suas relações e ao invés de rever seus comportamentos e mudar de conduta acabam se conformando com esse estilo explicando a si mesmas e aos outros que são assim porque tem “uma personalidade forte”.
A psicologia comportamental cognitiva tem uma abordagem terapêutica que vai em busca dos pensamentos automáticos inconscientes que atormentam o indivíduo e estão na base de muitos de seus problemas emocionais. É incrível o poder que tem estes pensamentos automáticos. Por serem inconscientes, na maioria das vezes eles chegam antes de qualquer compreensão possível mais real e positiva dos fatos. Eles se alimentam todos os dias de pequenos fatos ou conflitos que acontecem na vida do indivíduo para justificar aquilo que, no seu mais profundo, o indivíduo pensa de si mesmo. Alguns desses pensamentos podem ser, por exemplo: “comigo nada dá certo”, “alguém vai me enganar”, “sempre tem alguém querendo o meu mal”, “os outros são sempre melhores do que eu” e muitos outros. Poderíamos fazer uma lista enorme de possíveis pensamentos doentios que subjazem no nosso inconsciente, mesmo que conscientemente não pensamos assim.
O que adoece não é aquilo que fazemos ou deixamos de fazer, mas sim o que pensamos sobre o que fazemos ou não conseguimos fazer.
É preciso reconhecer o pensamento que é doente. Distingui-lo do pensamento que cura. Mas para isso é preciso curar aquele que pensa. Pois alguém doente vai sempre pensar doente e somente alguém sadio vai poder imaginar e permitir a vida sadiamente. O que está doente é ávido por razões, o que pensa sadiamente está sedento por significados. O primeiro faz deduções racionais, o último colhe intuições através da livre interpretação.
O caminho é o autoconhecimento, tanto no âmbito físico, emocional, quanto espiritual. Essa é a medida da cura. Resignificar os acontecimentos, aprender e desaprender todo dia para que novos conhecimentos possam se solidificar e impactar positivamente onde você estiver. Uma das habilidades que muito comento é ter a humildade interna, a capacidade de reconhecer as limitações e sabotadores internos e poder despertar caminhos da busca do desenvolvimento. O Ser Humano se torna humano no momento em que ele evolui e consegue influenciar o seu meio.
Quando falo sobre organizações mais humanas, é despertar as pessoas para o real significado da sua missão, do seu propósito dentro do contexto. Estamos falando aqui do pensamento sistêmico, onde inclusive a forma de pensamento das pessoas que compõem uma empresa pode deixá-la doente no coletivo. Mas este assunto deixarei para um próximo artigo.
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